sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Osso deslocado.

        Viver tem dessas coisas. Essas coisas de se arrumar, se maquiar, colocar aquele salto e mesmo assim se sentir tão sem graça quanto se tivesse de pijamas e cabelo preso. Dessas coisas de ouvir a música que toca e não entender bulhufas do que o cantor quer dizer quando fala “some kind of madness”. Tem dessas coisas de parar para analisar as pessoas no meio daquele vazio tão lotado, e aí você se pergunta quais seriam as expectativas de cada uma dessas pessoas ao se direcionarem para a mesma festa.
        Qual o sentido de se vender desse jeito? Qual o sentido de se sentir tão linda, mas para outro alguém? Me ame ou me deixe. Me ame de pijama ou eu te deixo mesmo estando toda arrumada.
        A gente faz cada coisa sem sentido. Pena que só percebemos no meio do caminho, daí pra voltar atrás, sempre tem um preço. As vezes esse preço é dez reais, as vezes é uma vida, e as vezes é impagável. O de hoje foi dez reais.
        A vida tem cada coisa, né? É. E o bom dela é que a gente sempre aprende alguma coisa. Nem que seja a idéia de que nada disso faz sentido. 




terça-feira, 13 de agosto de 2013

Para reiniciar.



          Me perdi no meio daquelas ruas. Todas iguais pra mim. Mas o mais engraçado é que eu não ligava. Naquele momento, estar perdida era exatamente onde eu queria estar. Se eu não sei onde me encontrar, estar perdida é só “não estar encontrada”. Quem sabe?
          E a sensação de que ninguém, exatamente ninguém nos 1.200Km ao meu redor tem algo a ver com a minha vida é libertadora. Agora eu entendo porque, depois de tudo, ele me mandou ir viajar.
          Ser anônimo em um lugar que tem gente com família, amigos, irmãos, inimigos e amores. Que coisa mais doida, não? Pra alguém que nasceu e viveu em cidade pequena, onde não podia sair de casa que já tinha a sensação de estarem falando de você, viajar para tão distante assim é mais libertador ainda.
          Mais ainda é saber que eu posso ser quem eu quiser. Pena que acabo sempre sendo eu mesma. Pena não, orgulho. Alma incorruptível. Ou quem sabe, a proposta certa ainda não foi feita.
          Só sei que nada sei a respeito dessas ruas, dessas calçadas, dessas crianças e desses costumes. Mas uma coisa eu sei. O ser humano se adapta a tudo. E quando essa liberdade toda ficar pequena demais pra mim, parto novamente. Daqui pra que eu me canse de cada centímetro desse mundão de meu Deus, já poderei ir à Marte. Quem sabe?